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Leucograma em Cães e Gatos: Como Interpretar Neutrofilia, Linfocitose e Outras Alterações

  • Foto do escritor: Giovana Balarin
    Giovana Balarin
  • 9 de ago.
  • 3 min de leitura



O leucograma é parte fundamental do hemograma e fornece informações valiosas sobre a resposta imunológica, inflamatória e hematopoiética dos animais. A interpretação correta das alterações nas contagens de leucócitos, como neutrofilia, linfocitose, monocitose e eosinofilia, é essencial para um diagnóstico preciso e para direcionar condutas clínicas.

Este guia é voltado para veterinários e estudantes de veterinária, abordando não apenas os valores de referência, mas também os mecanismos fisiopatológicos e contextos clínicos de cada alteração.


1. Revisão rápida: componentes do leucograma

O leucograma avalia a quantidade absoluta e relativa dos leucócitos no sangue periférico:

  • Neutrófilos (segmentados e bastonetes)

  • Linfócitos

  • Monócitos

  • Eosinófilos

  • Basófilos (menos frequentes)

  • Leucócitos atípicos (blastos, células neoplásicas, linfócitos reativos)

Importante: Alterações relativas (%) podem mascarar mudanças absolutas. Sempre interpretar valores absolutos.

2. Neutrofilia

Definição: aumento da contagem absoluta de neutrófilos acima do intervalo de referência da espécie.

Principais mecanismos:

  1. Resposta inflamatória – estimulação da medula óssea pela liberação de citocinas (IL-1, TNF-α, G-CSF).

    • Causas: infecções bacterianas, necrose tecidual, piometra, pneumonia.

  2. Neutrofilia por estresse (corticosteroides endógenos ou exógenos) – liberação de neutrófilos maduros do pool marginal.

    • Causas: dor, Cushing, uso de corticoides.

  3. Neutrofilia fisiológica – mediada por catecolaminas (em animais jovens ou excitados).

  4. Neutrofilia persistente – suspeitar de processos mieloproliferativos.

Achados associados:

  • Desvio à esquerda: presença de neutrófilos jovens (bastonetes ou metamielócitos).

  • Toxicidade neutrofílica: vacuolização citoplasmática, granulações tóxicas, corpúsculos de Döhle.


3. Linfocitose

Definição: aumento da contagem absoluta de linfócitos.

Principais mecanismos:

  1. Linfocitose fisiológica – comum em animais jovens ou após exercício, mediada por adrenalina (catecolaminas).

    • Duração: minutos a horas.

  2. Estimulação antigênica crônica – infecções virais, vacinação recente.

  3. Doenças linfoproliferativas – leucemia linfocítica crônica, linfoma com envolvimento sanguíneo.

Pontos-chave para diferenciar:

  • Magnitude: linfocitoses marcadas (>20.000/µL) em cães e gatos devem levantar suspeita de neoplasia hematopoiética.

  • Morfologia: linfócitos reativos indicam estímulo antigênico; linfócitos precursores (pró-linfócitos e blastos) sugerem neoplasia.


4. Outras alterações importantes

Monocitose

  • Associada a inflamação crônica, necrose tecidual e recuperação de infecções agudas.

  • No leucograma de estresse, especialmente em cães, pode ocorrer monocitose discreta.

Eosinofilia

  • Frequente em alergias, parasitoses e algumas doenças fúngicas.

  • Também associada a mastocitomas e hipersensibilidade a fármacos.

Leucopenia

  • Pode indicar supressão medular (viroses como parvovirose, uso de quimioterápicos) ou consumo excessivo (sepse).

5. Padrões leucocitários clássicos

Padrão

Alterações típicas

Causas comuns

Leucograma de estresse crônico

Neutrofilia, linfopenia, eosinopenia, monocitose (em cães)

Cortisol elevado (dor, doença crônica, uso de corticoides)

Leucograma inflamatório agudo

Neutrofilia com desvio à esquerda, possível toxicidade

Infecções bacterianas, inflamações intensas

Leucograma de estresse agudo

Neutrofilia e linfocitose discretas

Excitação, exercício, contenção

Doença proliferativa

Linfocitose marcante ou presença de células imaturas

Leucemias, linfomas


Conclusão

A interpretação do leucograma em cães e gatos vai além de identificar valores fora da referência. É necessário correlacionar magnitude, morfologia celular, padrão associado e contexto clínico. Uma análise criteriosa permite diferenciar respostas fisiológicas de processos inflamatórios ou neoplásicos, sendo ferramenta indispensável na rotina veterinária.


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