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🩸 Decifrando o Hemograma em Cães e Gatos: Guia Prático para Estudantes e Veterinários

  • Foto do escritor: Giovana Balarin
    Giovana Balarin
  • 22 de jul.
  • 3 min de leitura

Estante com tubos de hemograma

🧬 Por que o hemograma é essencial na rotina veterinária?

O hemograma é um dos exames laboratoriais mais solicitados na Medicina Veterinária. Ele fornece informações valiosas sobre a condição geral do paciente, sendo útil em todos o momento.

Para interpretá-lo corretamente, é fundamental entender as três linhas principais:

  1. Eritrograma

  2. Leucograma

  3. Plaquetas

Este guia vai te ajudar a interpretar cada componente com clareza, com exemplos de alterações comuns e dicas práticas para estudantes e profissionais.

🔴 1. Eritrograma: O que observar nas hemácias?

O eritrograma avalia os elementos da série vermelha: hemácias, hemoglobina e hematócrito, além de índices como VCM, CHCM e RDW.

Principais parâmetros:

Parâmetro

Significado

Hematócrito (Ht)

Percentual de glóbulos vermelhos no sangue

Hemoglobina (Hb)

Proteína que transporta oxigênio

Hemácias (RBC)

Número total de glóbulos vermelhos

VCM

Volume médio das hemácias (tamanho)

CHCM

Concentração de Hb nas hemácias

RDW

Variação no tamanho das hemácias

Exemplos de alterações:

  • Anemia microcítica hipocrômica→ comum em deficiência de ferro, perdas crônicas, parasitismos.

  • Anemia macrocítica normocrômica com policromasia→ sugestiva de regeneração (resposta da medula).

  • Aumento de hematócrito com hemácias concentradas→ pode indicar desidratação ou eritrocitose verdadeira.

🔍 Sempre correlacione VCM e CHCM com o quadro clínico e reticulócitos.

⚪ 2. Leucograma: A resposta inflamatória e imune

Avalia os leucócitos totais e diferencia cada linhagem (neutrófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos).

Principais padrões de resposta:

Tipo de resposta

Alterações leucocitárias típicas

Leucocitose de estresse (crônico)

Neutrofilia + linfopenia (ex: cortisol elevado)

Resposta inflamatória aguda

Neutrofilia com desvio à esquerda (↑ bastonetes)

Inflamação crônica

Neutrofilia + monocitose, com possível linfocitose

Hipersensibilidade

Eosinofilia (ex: alergias, parasitas, mastocitose)

Exemplos clínicos:

  • Neutrofilia com desvio à esquerda e presença de Neutrófilos tóxicos→ indicativo de infecção bacteriana grave ou sepse.

  • Linfocitose persistente em gatos jovens→ pode ser fisiológica (estrese agudo) ou indicar linfoma linfocítico.

  • Monocitose em cães com inflamações crônicas→ comum em piodermites profundas, granulomas ou neoplasias.

💡 O leucograma é altamente dinâmico e sensível a múltiplos estímulos: dor, medo, infecção, inflamação, corticoterapia.

🟡 3. Plaquetas: hemostasia e inflamação

As plaquetas (ou trombócitos) são responsáveis pela coagulação e participam da resposta inflamatória.

Principais achados:

  • Trombocitose leve→ comum em processos inflamatórios crônicos, estresse ou após esplenectomia.

  • Trombocitopenia moderada a grave→ deve levantar suspeita de:

    • Doenças infecciosas (Ehrlichiose, Anaplasmose)

    • Doenças imunomediadas (PTI)

    • DIC (coagulação intravascular disseminada)

  • Plaquetas grandes (macroplaquetas)→ sugerem regeneração; comuns em processos de destruição plaquetária (infecções por parasitas ou ação imunomediada)

⚠️ Sempre avalie plaquetas no esfregaço, pois agregados ou erros de contagem automática podem sugerir uma trombocitopenia falsa.

📘 Dica para estudantes: interpretar é mais que olhar números

A interpretação do hemograma exige raciocínio clínico e associação com:

  • História clínica do paciente

  • Sinais clínicos

  • Estado fisiológico (filhote, gestante, idoso)

  • Outras alterações laboratoriais (bioquímica, PCR, etc.)

👉 Por isso, fugir do "automatismo" e entender o contexto faz toda a diferença na conduta clínica.



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✍️ Conclusão

Interpretar o hemograma é uma habilidade fundamental para o clínico e o patologista. Ao ir decifrando o hemograma em cães e gatos e entendendo a lógica por trás dos parâmetros e reconhecer padrões fisiológicos e patológicos, você passa a usar o hemograma não só como um dado, mas como uma ferramenta diagnóstica poderosa.


 
 
 

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